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Promovido pela ABCZ, com auxilio de parceiros, terceira edição do programa ' Zebu Carne de Qualidade", testa eficiência e sustentabilidade de exemplares de cruzamentos entre raças zebuínas para a produção de carne  

 

 

Com a proposta de avaliar o potencial de animais meio-sangue, produtos de cruzamentos entre raças zebuínas, a terceira edição do programa 'Zebu: Carne de Oualidade' acontece na Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Jr, desde junho deste ano. Dessa vez, participam 146 exemplares Brahmanel, Guzonel, Sindinel e Tabanel, que foram adquiridos de criadores de todo o país.

 

Veja a lista:

Alexandre Coccapieller Ferreira - Brahmanel

Charles Wanderley Maia - Brahmanel

Companhia Mate Laranjeira - Guzonel

Rodrigo Pinto Canabrava - Guzonel

Leocadio Silva - Sindinel

Felipe Miguel Roncaratti Curi - Sindinel

Gisele Teodoro Alves Nunes - Sindinel

João Trivelato Neto - Tabanel

TJG Agropecuária Ltda - Tabanel

Maria Teresa J. Rodas e outros - Tabanel

Raimundo Jezualdo Sales - Tabanel

 

"O cruzamento entre raças diferentes resulta no fenômeno genético chamado de heterose, que pode ser explorado em sistemas de produção terminal para aumentar os níveis de produtividade, diante da maior diversidade bioquímica dos animais e da complementaridade entre as raças cruzadas. É isso que pretendemos observar nesta edição do programa", destaca superintendente Técnico da ABCZ, Luiz Antônio Josahkian.

A avaliação seguirá os mesmos moldes das edições anteriores, sendo três etapas: prova de ganho de peso a pasto, prova de ganho de peso em confinamento e abate técnico. Os resultados serão divulgados no segundo semestre de 2023.

Os animais iniciaram a fase de testes com idade média de oito meses e peso médio de 223 quilos. Eles foram colocados em sistema de manejo rotacionando, em área de pastagem de 27 hectares, dividida em dez piquetes, formados com capim BRS Paiaguás.

Até o mês de março, as avaliações permanecem no sistema a pasto. No período da seca, até o fim de outubro, a alimentação deles foi complementada com silagem de milho (1,1 do peso corporal em matéria seca) e suplemento proteico energético com 24% de proteína bruta (0.5% do peso corporal). "Na seca, os animais ganharam, em média, 529 gramas por dia, demonstrando um excelente desenvolvimento para o período", ressalta a gerente da Fazenda Experimental, Ninive Jhors.

 

 

A partir de novembro, no período das águas, a silagem foi retirada, permanecendo a oferta de suplemento proteico energético com 12% de proteína bruta (0,4% do peso corporal). Os animais são pesados a cada 28 dias. "Observamos um período de adaptação nos primeiros meses, onde o sistema digestório e toda a fisiologia do animal estão se adaptando ao novo manejo e nova dieta. Com o passar do tempo, partir das pesagens, conseguimos avaliar o melhor desempenho, a melhor conversão e o nivelamento do rebanho, onde verificamos uma condição de diminuição do estresse dos animais, o que está diretamente relacionado ao maior ganho de peso” destaca o médico veterinário, responsável pelo manejo sanitário dos animais, Vitor Cibiac Sartore.

A dieta dos animais é desenvolvida em parceria com a Premix. " Assim como nas edições anteriores a recria foi baseada no protocolo R30, em que a necessidade do pasto é complementada com silagem e suplementação PSAI Fator P, um aditivo nacional que esta no mercado há mais de 20 anos, aprovado do pelo IBD para produção orgânica e validado em diferentes estudos. Com ele é possível reduzir emissões de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo estimular processos metabólicos, resultando em melhor desempenho. De tal forma, conseguimos produzir carne de qualidade e sustentabilidade", ressalta o coordenador técnico da Premix, André Pastor D Áurea.

Os testes de eficiência alimentar seguem até a fase de confinamento, que terá inicio no mês de março, com duração de 120 dias. Nesta etapa, além da mensuração da eficiência alimentar, serão tomadas medidas de peso, ganho em peso, ultra-sonografia de carcaça para área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea, espessura de gordura na picanha e marmoreio. As informações serão transformadas em índices, tendo como referência as suas respectivas médias, e irão compor índice de eficiência alimentar. Na sequencia, os animais vão para o abate técnico onde serão mensurados peso de carcaça, espessura de gordura, rendimento de abate, gordura Intramuscular, carne aproveitável e maciez instrumental. "Os animais são frutos de diferentes cruzamentos entre raças zebuínas, mas estão sendo criados da mesma maneira. Dessa forma, vamos conseguir entender, de forma individual, qual a eficiência para a produção de carne de qualidade no país, baseando-se na genética zebuína", explica o professor da Unicamp, Sérgio Pflanzer, que acompanha todo o processo. O programa ainda disponibiliza os custos de todas as etapas para que os criadores saibam da economia e lucratividade possíveis dentro do mesmo sistema. "O que a gente mais quer, ao final é enxergar qual o retorno econômico que esse individuo ou grupo deu, do ponto de vista financeiro. Quanto foi gasto por arroba e se o sistema foi lucrativo. Isso é fundamental porque o sistema de produção do programa, além de fazer as avaliações, foi desenhado para que os produtores encontrem tecnologias que podem ser aplicadas na propriedade, em qualquer região do país”, acrescenta Leonardo Fernandes, pesquisador da Epamig e membro da equipe técnica do programa.

O professor Ricardo Brumatti, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que também é parceira do programa, reforça que a gestão de custos passou a ser crucial para o bom desempenho das propriedades rurais. "Nas duas primeiras edições do programa, enfrentamos desafios econômicos distintos. Na primeira, tínhamos uma valorização da arroba sob um cenário de custos controlado, gerando uma margem de lucratividade estimada por arroba produzida de 35%. Já na segunda edição, tivemos altas inflacionarias, os custos produtivos aumentaram em mais de 26%, o que acabou por reduzir a margem de lucro para 17% por arroba produzida, ainda assim, se mantendo lucrativa. Portanto, podemos concluir que a excelência genética, atrelada às boas práticas de manejo, nutrição, pastagens, sanidade e meio ambiente, se somam as práticas de gestão de custos, para que o produtor tenha junto ao programa da ABCZ uma referência de atividade pecuária de primeira linha”.

O programa 'Zebu: Carne de Qualidade' é desenvolvido em parceria com a Embrapa, Epamig, Esalq/USP, Fazu, Intergado, Premix, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Universidade Federal de Viçosa e Unicamp. "A expectativa nesta terceira edição é mostrar que os cruzamentos entre zebuínos podem produzir carne de qualidade, com  eficiência e rentabilidade para o produtor. Tendo uma recria com volumoso em quantidade e qualidade durante a seca, um bom manejo das pastagens nas aguas, e um confinamento bem planejada com a genética zebuína, este protocolo do programa pode ser replicado em todo o brasil, gerando lucro e produzindo uma carne saborosa e com sustentabilidade, afirma o gerente de Melhoramento Genético da ABCZ, Lauro Fraga Almeida.

 

CARNE CARBONO NEUTRO (CCN) E

CARNE BAIXO CARBONO (CBC): NOVOS

CONCEITOS DE CARNE SUSTENTÁVEL

ENTRAM PARA O PROGRAMA

 

Com o propósito de tornar a pecuária cada vez mais sustentável, a ABCZ deu mais um passo importante para levar as praticas de sistemas produtivos sustentáveis aos criadores de todo o país. Em parceria com a Embrapa, a terceira edição do programa'Zebu: Carne de Qualidade' vai produzir carne carbono neutro e carne baixo carbono, dentro dos sistemas já existentes na Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Jr. Lauro Fraga Almeida detalha que foram escolhidos, aleatoriamente, 32 animais dos quatro grupos  de cruzamentos, sendo que 16 foram colocados em área de carne carbono neutro (que tem árvores) e os outros 16, em área de carne baixo carbono (que não tem árvores). “Nos já produzimos carne carbono neuro e carne baixo carbono, mas queremos incrementar ainda mais o programa, especialmente, do ponto de vista cientifico. Toda a estrutura necessária já existe na Fazenda Experimental e o manejo do programa não será alterado em nada. O que a Embrapa irá fazer são análises especificas nas árvores e no solo para, ao final da edição, além de todos os dados que já disponibilizamos, tenhamos também os valores de carbono, mostrando ao produtor que é um sistema sustentável, totalmente possível de ser feito"

O pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Roberto Giolo, explica a diferença entre os dois conceitos. "A carne carbono neutro e produzida em sistema agrossilvipastoril, que tem árvores. A partir de análises e equações pré estabelecidas, vamos saber quanto esta indo de carbono para as árvores e para o solo. Esse carbono que está entrando, se fixando nas árvores e solo, deve ser maior que o carbono que está saindo, caracterizando, dessa forma, o carbono neutro. Já a carne baixo carbono pode ser produzida em pastagens que não têm árvores, que atualmente, representam 85% das pastagens brasileiras. São pastagens bem manejadas e, por isso, são capazes de reduzir as emissões do gado. Neste caso, não há como neutralizar porque o solo tem sua limitação natural, não conseguindo sequestrar tanto carbono a ponto de neutralizar. Mas a pastagem bem manejada, em condições de clima, solo e manejo adequados, ela consegue, em médio prazo, colocar mais carbono na área do que a própria vegetação nativa”. O programa é acompanhado de perto pela pesquisadora da Embrapa, Giovana Alcântara Maciel. "Teremos a oportunidade de acompanhar os resultados e mostrar que o protocolo é bastante simples.Para aqueles que já desenvolvem boas práticas agrícolas, a arborização das pastagens será o próximo passo para produzir carne de carbono neutro”.

 

CERTIFICAÇÃO

A Carne Carbono Neutro (CCN) e a Carne Baixo Carbono (CBC) é uma marca-conceito desenvolvida pela Embrapa, com o intuito de valorizar a carne produzida em sistemas sustentáveis. O programa de certificação é regido por uma cadeia de valor que envolve produtor, certificadora independente e frigorifico, e sua gestão é realizada por meio da Plataforma de Certificações da CNA (Agri Trace Animal), sendo a Embrapa a detentora do protocolo de certificação e a responsável técnica do programa. O produtor interessado deve fazer a adesão na plataforma da CNA, onde terá as opções de certificadoras credenciadas pela Embrapa e de frigoríficos parceiros.

 

Fonte: Revista ABCZ

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